Também conhecida por Ciclovia do viaduto da Prelada, só foi concluída este ano. Já lá tinha passado há uns tempos, mas ainda não estava acabada :
Como estou a gozar uns dias de férias, achei ser boa altura para lhe 'prestar uma visita' e tirar umas fotografias.
Esta ciclovia é bastante curta, tem apenas 1250 metros (mais coisa menos coisa) e foi pensada de raiz para este novo arruamento que finalmente tirou partido do Viaduto da Prelada, já estava construído há muito tempo (e sem função).
A opção aqui recaiu (uma vez mais) no tipo de ciclovia lúdica em cima do passeio: betuminoso pintado de vermelho, completamente segregado da faixa rodoviária.
Pontos positivos: aparentemente oferece mais segurança a quem lá circula.
Ponto negativos: oferece menos segurança nos pontos de atravessamento e torna o seu percurso mais lento.
Comecei o trajecto vindo da Circunvalação:
como se pode reparar a ciclovia começa com um muro! 8-)
abordei este ciclista para o meu projecto dos Ciclistas Urbanos, mas ele disse que só dá aqui umas voltas quando está de férias...
primeira espécie de atravessamento: aqui dá para observar o tipo de atitude, ciclovia no passeio, logo... atravessamento na passadeira :\
A estrada é uma via contínua, já a ciclovia é 'rendilhada'... assim tudo se torna mais lento!
No segundo atravessamento, dá-se uma inversão do passeio..errr... da ciclovia.
Um pouco mais à frente inicia-se a subida para o viaduto da prelada..
..e depois de o descer estamos no final da ciclovia. Para acabar tão bem como começou, acabamos no passeio (desta vez sem um muro a balizar o percurso).
Esta minha análise poderá soar algo critica, e na verdade é.
Compreendo a falta de ciclovias no Porto como uma barreira para que mais pessoas se iniciem a fazer trajectos de bicicleta, mas, o grande problema (na minha modesta opinião), é que se continuarem a construir coisas deste tipo, em vez de preparar as pessoas para enfrentar a estrada, vão perpetuar a sua inaptidão e o medo de partilhar a estrada com o carro; além disso, e ainda que inconscientemente, continuam a 'desenhar' a bicicleta como um veículo de lazer (usar nessa condição é bom, mas ela é um muito mais que isso).
Que não se engane quem pensa que no futuro vai haver uma ciclovia 'em cada esquina'. Isso não é possível, mas cortar algumas artérias ao transito e tornar toda a baixa limitada a 30km/h já seria um bom avanço 'civilacional'. Isso e marcações de pavimento nas artérias de principal acesso à cidade, assim como aquelas que convidam a maior velocidade automóvel (lembro-me assim de repente da Av. Sidónio Pais; 5 de Outubro; Rua da Constituição; Av. da Boavista, Fernão Magalhães, etc).
As ciclovias são um assunto que nunca gera consensos, nem entre ciclistas, nem entre automobilistas, mas gostava de ouvir algumas opiniões sobre o assunto :) Se tiverem paciência, escrevam umas linhas nos comentários ou enviem um email... se houver quantidade suficiente, gostava de os colocar online :)
11 comentários:
Ora eu não sou ciclista, nem de lazer nem diário, mas advogo pela sua causa. Se houve cidade que me impressionou foi Amsterdão pelo respeito que há pelos ciclistas e também pelas inúmeras estradas para ciclistas. Quem vem de cidades limitrofes, tem o seu próprio percurso, muitas vezes paralelo às auto estradas, com a sua própria sinalética, e uma vez chegados à cidade estas vias integram-se nas main roads de uma forma, direi, exemplar. Não é raro verem-se famílias inteiras de bicicletas ou pais com carrinhos atrelados a transportarem filhotes pequenos. Seria tão mais fácil seguir bons exemplos do que inventar modas. Aqui na Póvoa de varzim, se bem te recordas a ciclovia tem características bastante semelhantes a essa da prelada...
Joana, eu tenho "mixed feelings" em relação às ciclovias. Sei que quando bem feitas, podem ser muito benéficas para que mais pessoas comecem a pedalar, mas as nossas autarquias continuam a aplicar este modelo em vez de integrar bem a bicla num modelo pensado de cidade e urbanismo.
A aposta continua a ser em ostracizar as bicicletas quase que dando razão aos energúmenos que por vezes abrem o vidro do honda civic de vidros muito fumados e gritam "Vai pro passeio, animal!".
Esta, assim como a da póvoa, não é para mim uma ciclovia.. é um passeio, aliás, na Póvoa já se 'ciclava' no passeio (porque é largo) muito antes de o pintarem de vermelho.
Os bons exemplos estão espalhados pelo mundo, se querem fazer ciclovias, porque não investigar primeiro?
(obg pelo teu comentário!) :)
Mister, eu gosto desta, pelo facto de entrar pela Cidade dentro e ser uma boa solução para quem vem trabalhar.
Quando houverem mais ciclistas os peões arredam para o passeio.
Já a utilizei e fiquei bastante bem impressionado pela rapidez com que me pôs na Circunvalação.
Bem, eu cá acho que uma ciclovia é sempre benéfica para que mais pessoas comecem a pedalar. Pena é que não sejam integradas na cidade. Mas de qualquer maneira, desde que seja extensa, como a das marginais da Póvoa de Varzim, que tem uns bons 5 ou 6 km, uma vez que continua pela Vila, ou a da Foz do Porto, apesar da atribulação/terror da continuação pós-Passeio Alegre, permitem que se efectue um longo percurso de vários km. E isso sim, parece-me o essencial.
Agora fazer uma com apenas 1 km como esta da Prelada, já parece mais uma intervenção artística na chão da cidade, coisa que me parece suscitar uma outra discussão do âmbito da estética.
Miguel, é claro que um novo arruamento é benéfico, mas essa rapidez de que falas ainda seria maior se não fosses obrigado (por lei) a 'brincar aos peões' de bicicleta, ou seja, este tipo de ciclovia introduz obstáculos, lentidão e atravessamentos desnecessários.
Como o arruamento é novo de raiz, ainda acho pior porque não houve qualquer tipo de condicionamento à sua concretização ("fogo",nem rampas para subir e descer os passeios existem no inicio e final da ciclovia...)
Hilário, se houvesse marginal contínua entre Póvoa e Porto ia fazer muitas vezes esse caminho a pedalar...
Abraço e obrigado pelos comentários! :)
Baby steps, Sérgio... baby steps...
Se se podia fazer uma coisa com pés e cabeça logo de início? Sim, podia. Mas não é pratica comum em PT em nada que se construa de raiz - salvo raras excepções - porque raio as mal-amadas ciclovias haviam de ser a excepção?!?
Eu também já estive em várias cidades da Holanda e há uns 50 anos de diferença e que nunca iremos recuperar sem um Apocalipse energético.
Isso não é uma ciclovia, Sérgio, é um passeio onde se resolveu permitir e obrigar a circulação das bicicletas (há praí disto ao pontapé). Ao mesmo tempo que se reserva para o peão o troço mais estreito e entalado entre carros de um lado e ciclistas do outro (!). E claro, os ciclistas ficam com a parte lisinha e os peões com a parte de calçada. Isso não é bom nem para os ciclistas nem para os peões. Mas para quem vá de carro parece óptimo: excelente piso, prioridade por default sobre peões e ciclistas nos cruzamentos, nenhum tipo de acalmia de tráfego, é sempre a abrir. A única acalmia de tráfego que poderia haver (à parte os eventuais engarrafamentos), os ciclistas na estrada e os peões nos atravessamentos, são remetidos para o passeio e os seus atravessamentos são permitidos só em alguns locais assinalados e muitas vezes controlados por semáforos. O paradigma está todo errado. E não, não devíamos ficar todos contentes com isto, temos que ser mais exigentes e não nos contentarmos com merda. Estamos no séc. XXI, a globalização!, viajar é fácil e barato, há livros escritos, há a internet, há vídeos, textos, imagens, etc, etc. Não há desculpa para fazer coisas destas. E não se esqueçam que com aquele sinal e o seu significado no nosso CE, isto não é opcional.
prefiro ir na estrada, e que venha a multa.
Ora bem, Ana, ficar contente com a mediocridade é mau. Se há dinheiro para se fazer alguma coisa, que se faça bem...
Ricardo: oh yeah! ;)
Sendo esta via mesmo ao lado de minha casa, já aqui a havia analisado, dá-me um jeito do caraças. É uma via estruturante para a entrada e saída da cidade, 5 estrelas, que liga a parte exterior à interior da cidade dividida pela VCI. Como é uma via de raiz, se a tivessem construido sem espaço ciclóviário (hãã, gostam), aí sim, seria extremamente criticável. A solução de atravessamento da Rua de Requesende era invitável e a mudança de berma a partir do atravessamento da referida rua tem a sua lógica. Durante o dia o espaço ciclóviário tem uma utilização reduzida. Já à noite infelizmente é mais pedonal do que utilizado pelas biclas. De uma forma geral dou nota positiva, aguardo com expectativa a possibilidade da sua extensão tanto ao longo da Estrada da Circunvalação como no outro extremo atè à Boavista.
Cumps.
Paulo, a Circunvalação é que merecia ter uma ciclo-via.. ia ser (ou irá ser) a nossa auto-estrada das biclas :)
Compreendo o que dizes quando enalteces sobre se terem lembrado das biclas, mas acho que este modelo continua a desvalorizar a bicla como forma de transporte.
É essa a minha principal crítica... não gosto de ser um "bota-abaixo" mas acho importante ir criticando para se reflectir sobre o assunto.. em certos troços acho que a ciclovia da granja foi melhor conseguida ao conseguir integrar os velocípedes na faixa de rodagem...
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